sexta-feira, 30 de maio de 2008

por que as liltras da pasta de dente não se misturam dentro do tubo?

Primeiro por que os ingradientes de cores diferentes ficam armazenados em compartimentos separados. Segundo, por que as listras só aparecem perto da boca do tubo. A bisnaga inteira é preenchida por creme dental comum, de cor branca. Nas laterais superiores do tubo, encontramos o gel colorido que dá forma às listras. O segredo é que o gel e o creme seguem por "estradas" exclusivas até bem perto da saída. A parte branca sobe por um duto que tem pouco mais de meio centimetro de diametro, a mesma dimensão da pasta que chega até a escova. O gel, por sua vez, flui por quatro buraquinhos de 1 milimetro que desembocam no duto principal. La dentro, as pequenas saídas de gel interceptam o fluxo de pasta branca e as listras coloridas começam a se espalhar peli creme. Como isso acontece a apenas 1,5 centimetros da saída, os filetes coloridos saem quase intactos. Eles só vão se juntar dentro da boca, na hora em que a gente escova os dentes.
(leonardo menezes, rio de janeiro.)
[mundo estranho, n26]
Assaltante nordestino:
-ei, bichin...isso é um assalto...arriba os braços e num se bula nem faça mugança...arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! perdão, meu Padim Ciço, mas é que tô com uma fome da molestia...
Assaltante mineiro
-ô sô, prestenção...isso é um assalto, uai...levanta os braço e fica quetim quesse trem na minha mão ta cheio de bala...mió passá logo os trocado que eu num tô bão hoje. vai andando, uai! ta esperando o quê, uai!!
Assaltante gaúcho
-o, guri, ficas atento...bah, isso é um assalto...levanta os braços e te aquietas, tchê! não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. passa as pilas pra cá! e te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
Assaltante carioca
-seguinte bicho... te deu mal. isso é um assalto. passa a grana e levanta os braços rapá...não fica de bobeira que eu atiro bem pra...vai andando e, se olhar pra tras, vira presunto...
Assaltante baiano
-ô, meu rei...(longa pausa) isso é um assalto...(longa pausa) levanta os braços, mas não se avexe não...(longa pausa) se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado...vai passando a grana, bem devagarinho...(longa pausa) num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...não esquenta, meu irmãozinho(longa pausa) vou deixar teus documentos na encruzilhada...
Assaltante paulista
-orra, meu... isso é um assalto, meu...alevanta os braços, meu...passa a grana logo, meu...mais rapido, meu, que ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do corinthias, meu...pô, se manda, meu..

quarta-feira, 28 de maio de 2008

eu cavo
tu cavas
ele cava
nós cavamos
vós cavais
eles cavam
.
.
.
nada romantico mas muito profundo...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

e aí gatinha, ké tc?

É incrivel como os jovens hoje em dia falam e principalmente, escrevem errado. Na verdade não são os jovens de hoje, são simplesmente, os jovens. De toda e qualquer geração. Os pais dos meus pais ja deviam dizer "como esses jovens de hoje escrevem mal..." Provavelmente meus filhos deverão dizer "cara, essa galera escreve mal pra carai..." E assim, esse problema passa de geração em geração sem que haja nenhum impecilho.
É importante que certas inovações na gramática nacional, para que nosso idioma não se torne uma lingua morta. Para que principalmente o portugues, que é uma dos mais formosos e ricos idiomas do mundo não caia em desuso, como por exemplo o extinto latin, ou o riquissimo aramaico.
Alguns estudiosos, ao que me parece, querem que todos os paises que falem portugues(como portugal,cabo verde..) unifiquem suas gramaticas. O que na minha modesta e leiga opnião, é um ABSURDO! Imagine so, o desconforto que seria, toda mulher ser chamada de rapariga? ou o que pensariam os mais antigos e tradicionais se mandassemos que sentassem os cus nas poltronas?! Seria no minimo um caos hilario e infantil. Porém, um caos!
Por outro lado, novas regras como a abolição do trema (que ja vigorou) ou da crase ( não vigorou),podem acabar com o sofrimento e o medo de muitas pessoas ao escreverem. Agora nós podemos escrever "tranquilo" tranqüilo de errar.
As pessoas tedem encontrar um motivo para seus problemas, para que nao se sintam tão culpadas dos problemas que elas proprias causaram. Foi assim que aconteceu com a internet.
Culpa-se a internet pela aculturação dos jovens. MSN, ORKUT, BLOGGER, FOTOLOGS...são tidos como responsaveis por uma geração perdida[mais uma ...]
Os que as "pessoas" não percebem é que o vilão dessa historia não é a internet e suas inumeras maneiras de trazer conhecimento e cultura(além é claro, de uma bem estar futil..). Os vilões são elas que despejam os jovens em lan-houses, com videos games, com brinquedos que brincam sozinhos, e não percebem que formaram um monte de alienados. O vilão é a sociedade em si. "Os culpados somos noses".

domingo, 25 de maio de 2008

Defenestração

Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo,devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
-Hermeuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
-Os hermeutas estão chegando!
-Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...
Os hermeutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio.Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
-Alô...
-O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
-Vamos ter que trocar a traquinagem. O vetor está gasto.
Plúmbio devia ser o barulho que um corpo faz ao cair na água.
Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado,nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido dasmulheres:
-Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara.Mas algumas... Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..." Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
-Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer?Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.
Um dia, finalmente procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. "Defenestração" vem do francês "defenestration". Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então,defenestração?
Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido o tempo.
-Les defenestrations. Devem ser proibidas.
-Sim, monsieur le Ministre.
-São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos prédios.
-Sim, monsieur le Ministre.
-Com os prédios de três, quatro andares, ainda era admissível. Até divertido. Mas daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: "Interdit de defenestrer". Os transgressores serão mutados. Os reincidentes serão presos.
Na bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestreurs. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.
-É esta estranha vontade de atirar alguém ou algo pela janela,doutor...
-Hmm. O impulsus defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar - diz o analista, afastando-se da janela.
Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração.Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada.
Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial do 17º andar.
-Querida...
-Mmmm?
-Há uma coisa que eu preciso lhe dizer...
-Fala, amor.
-Sou um defenestrador.
E a noiva, na sua inocência, caminha para a cama:
-Estou pronta para experimentar tudo com você. Tudo!
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
-Fui defenestrado...
Alguém comenta:
-Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!
Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.


Luís Fernando Veríssimo - O analista de Bagé

sábado, 24 de maio de 2008

primeira defenestrada

Defenestração:
ato de jogar algo ou alguem pela janela
[segundo o aurélio, eu acho.]